Tal como tenho dito, ir à Figueira da Foz e não fazer uma
cache d’Os Pontos Cardeais, é como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. Depois
de prontos do CITO, tínhamos de encontrar meia dúzia de caixas, e esta, estando
ela debaixo de olho há tanto tempo era paragem obrigatória.
Primeiro foi a birra porque já a tínhamos passado, e não
paramos, até alguém dizer “Já lá voltamos”, os meus olhos brilharam de pura
emoção, ainda ninguém imaginava o que nos esperava. Pópó estacionado e prosseguimos
a pé. Enquanto o gps me roubava a atenção do que me rodeava, foram os poucos
minutos em que tinha consciência do Eu.
Cache "logada" e levanto o olhar.
Todo o meu corpo e ser rodopiou numa espiral de melancolia e fascínio,
uma utopia incrivelmente tão conhecida e estranha simultaneamente. Como todos somos seres pequeninos e insignificantes perante toda a
imensidão da Natureza.
Aquele imenso azul sarapintado de branco, um azul infinito
de maresia e beleza.
O aroma da frescura, da pureza, da fidelidade à natureza.
A melodia da água a massajar as pedras, sendo acompanhada
pela voz das gaivotas.
Aquele começo de pôr-do-sol que inspirou Claude Monet a
pintar o seu quadro.
As ondas dançando, imitavam a cintura das bailarinas de dança do ventre.
Como é possível ter um lugar de sonho num sitio real?
Somos automaticamente arremessados para esse mundo de perfeição,
aquele mundo dos sonhos em que tudo é alcançado. Onde a felicidade Impera, e
nada de ruim nos atinge.
Bastou uma fracção de segundo para o meu ser se encher de
alegria, para as preocupações serem consideradas minoritárias e ser eu própria.
Há as caches que nos marcam, e depois há as CACHES que nos
fazem Viver.
Esta é uma delas...

